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quinta-feira, 16 de abril de 2020

O menino que virou rei - parte III




   por Rosemeire Barbosa 

 Roberto Carlos tinha um sonho, participar do programa " A Hora do Pato". O programa era apresentado por César Alencar na Rádio Nacional. Por falar tanto desse sonho, que o pai, seu Robertino, foi para o Rio de Janeiro comprar peças de relógio para sua loja e acabou levando o garoto para conhecer a emissora. 

Roberto ficou deslumbrado com o tamanho do auditório. Na viagem seguinte, seu Robertino levou o filho para se apresentar no programa Papel Carbono de Renato Murce, na Rádio Nacional.

 Já no início de 1956, Roberto Carlos foi passar as férias escolares em Niterói, na casa da tia Jovina Moreira, a Dindinha. Aproveitou a ocasião para percorrer alguns programas de rádio e a cada dia, se convencia que teria mais chance na carreira artística,se morasse no Rio de Janeiro. 

Antes de acabar as férias, retornou à Cachoeiro de Itapemirim e decidiu conversar com pais sobre morar com a tia. A condição dos pais era que tentasse a carreira artística,  desde que continuasse os estudos. 

Assim, em março de 1956, um mês antes de completar quinze anos, o garoto preparava-se para seguir viagem.

Depois de arrumar a sua bagagem, se despediu da mãe e foi acompanhado pelo pai, seu Robertino, até a estação de trem onde iria embarcar às 4:30 da manhã com destino ao Rio de Janeiro. Anos depois ele descreveria esse momento em uma canção.

" Andando pela rua/meu pai junto a mim/olhava com ternura/a lágrima manchar meu paletó de brim". 

 Assim que chegou a Niterói, Roberto Carlos se matriculou no Colégio Brasil,no bairro em que sua tia morava. Diariamente ele pegava a barca e ia tentar a sorte nas principais emissoras de rádio do Rio de janeiro: a Rádio Nacional,a Rádio Tupi, a Rádio Mayrink Veiga e a Rádio Tamoio.

 Em Niterói conheceu o violonista Luiz Fernandes, o qual ensinou-lhe os primeiros acordes mais dissonantes do violão. A partir de então, ele começou a se interessar pelo repertório de cantores mais modernos como Lúcio Alves, Dick Farney e Luiz Cláudio. Nessa fase descobriu dois artistas que se tornariam grandes influências em sua carreira: Dolores Duran e Tito Madi.

Todos os grandes cartazes da música brasileira eram contratados de alguma emissora de rádio, geralmente eles se tornavam conhecidos através de programas de auditório como os de César de Alencar, Paulo Gracindo e Manoel Barcelos.

A rádio era a porta de entrada do candidato à futuro ídolo da música popular. Primeiro ele tinha que mostrar a sua voz diante dos músicos e da platéia do auditório, só depois disso o cantor conseguia um bom contrato para gravar o disco.

 O objetivo de Roberto Carlos era conseguir um emprego de cantor na rádio e para isso ele tinha que se apresentar, mostrar a sua voz, encarar o auditório.

Apesar de muito empenho, estava ficando muito difícil, principalmente nos programas de maior audiência e popularidade. O Programa Paulo Gracindo, grande sucesso nas manhãs de domingo da Rádio Nacional, tinha três horas de duração, mas não comportava todos os cantores da casa. 

Roberto tentava falar com a produção, com os secretários e assistentes do apresentador, mas nada conseguia. Tentou diretamente com o apresentador e para isso, ficava pelos corredores em busca de poucas chances que aconteciam nos intervalos comerciais quando Paulo Gracindo ia fumar. 

Timidamente ele chegava e perguntava se podia cantar. A negativa era uma constante, mas na semana seguinte, retornava e fazia a mesma pergunta.
Rosemeire Barbosa- Estúdio Azul

Sobre a autora

Rosemeire Barbosa- Estúdio Azul - Natural e residente na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, formada em Magistério pela E.E.S.G. “Sud Mennucci” com habilitação para exercer a profissão de professora em 1996. Aprovada no Concurso Público de prova e Títulos para provimento de emprego de Professor do Ensino Fundamental em 14 de janeiro de 1999. Em 1 de fevereiro de 2001, foi contratada pela Prefeitura Municipal de Piracicaba, na pasta da Secretaria da Educação com habilitação para alunos do 1º ao 5º ano. Leia Mais sobre a autora...

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