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terça-feira, 22 de outubro de 2019

Eu e o Rei- parte 1




A minha história com o rei Roberto Carlos começou quando eu era bem pequena, mais precisamente na época da Jovem Guarda. Lembro que a televisão era um artigo de luxo para poucos, mas familiares e amigos reuniam-se na pequena sala de minha casa para assistir ao Programa Jovem Guarda, em meados de 1967 ou 1968. Sei que devido a minha pouca idade, não conseguia entender toda a agitação que acontecia, só me recordo que aquilo me deixava feliz com tanta animação. Recordo em ouvir algumas gírias e entre meus amigos da vizinhança, tudo aquilo era um espelho para imitar. Essa agitação sadia, em momento algum gerava desrespeito ou baderna. A estrutura familiar era um ponto forte e havia respeito entre as pessoas. A minha infância, apesar de humilde, foi cercada de bons exemplos. Com isso, a educação musical também aconteceu através da nova onda que se iniciava. Bem mais nova que meus irmãos, me recordo de vê-los ligados na rádio, onde impreterivelmente, Roberto Carlos era o mais requisitado para se ouvir. Tudo me fez crescer em um ambiente musical regado a esse cantor. Minha mãe ganhou o nosso primeiro toca-fitas do meu irmão e junto com o presente, uma fita cassete do rei. Lembro-me que essa fita era tocada por quase toda a manhã, enquanto minha mãe arrumava a casa e fazia o almoço. Nesse período eu estudava na parte da tarde e como se habituava a dormir cedo devido ao meu pai madrugar para ir ao trabalho, mal o dia clareava e o som de "A Montanha" irrompia pela casa. Todos os dias e até nos dias que não queria me levantar, era com música do Roberto que minha mãe me acordava. 

Já na adolescência, meu gosto musical ficou eclético, gostava de  músicas nacionais e internacionais. Com quinze anos meu sonho era ter uma vitrola e quando ela chegou, foi motivo de muita alegria. Corria em lojas de discos para comprar os temas das novelas e meus artistas preferidos, Elvis Presley e Abba. Roberto foi ficando de lado nessa época para mim.

 Os LPs de final de ano do Roberto, não faltavam em casa, presentes de meu irmão para minha mãe. E assim chegou a minha fase adulta, onde o trabalho e os estudos nos remetem a outro tipo de rotina; mas em 1979, foi meu primeiro ano de trabalho registrado em carteira e meu presente de Natal para minha mãe, foi o vinil do rei. Ela ficou muito feliz !!! Recordo que ficou tão surpresa que acabamos ficando com os olhos cheios de lágrimas. Expliquei que comprei com antecedência para não correr o risco que ela ganhasse ou comprasse.

 Mais uma vez depois de anos, Roberto Carlos retorna à minha vida. Desta vez por intermédio da minha filha quando me deu um arquivo de MP3 com todos os álbuns de 1959 a 2006. Achei até estranho ela me interligar a Roberto Carlos mesmo porque não tinha nenhum repertório dele em casa.

 Nessa época ainda era analfabeta digital, então pedi para meu marido transformar em CDs. Semanas depois, em um sábado, ele me entregou alguns e ao começar a tocar, me remeteu a um passado tão distante, que me me fez chorar. A lembrança da minha mãe, irmãos, primos, vizinhos, amigos de infância enfim, todas as recordações do passado. Não entendia como, passado décadas, ainda sabia cantar todas as músicas da minha infância e pré-adolescência. Incrível!!!Todas as fases musicais estavam ali...do iê,iê,iê à fase espiritualista, romântica e religiosa. Puxa!!! Imaginem que depois disso, em casa começou a coqueluche Roberto Carlos...de novo! 

Em 2009, a escola em que eu dava aulas estava organizando um projeto didático com incentivo às práticas de leituras e os docentes deveriam apresentar um escritor ou artista para ser trabalhado a biografia deste.

 Optei pelo cantor Roberto Carlos devido não só ao meu gosto musical mas sobretudo, pelo fato dele estar comemorando 50 anos de carreira.

 Durante dois meses a minha sala estudou e compartilhou o produto final com as outras classes, da apresentação da biografia do cantor, danças, painéis e à um vídeo que enviamos com todo o trabalho desenvolvido em sala de aula para a Oca, onde estava aberto ao público, a exposição em comemoração de cinco décadas de trabalho do cantor. Só posso dizer que esse trabalho didático acabou se tornando um projeto pela paz .Assim começou uma nova fase entre "Eu e o Rei"...depois eu conto mais. Beijos Azuis!!!
Rosemeire Barbosa- Estúdio Azul

Sobre a autora

Rosemeire Barbosa- Estúdio Azul - Natural e residente na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, formada em Magistério pela E.E.S.G. “Sud Mennucci” com habilitação para exercer a profissão de professora em 1996. Aprovada no Concurso Público de prova e Títulos para provimento de emprego de Professor do Ensino Fundamental em 14 de janeiro de 1999. Em 1 de fevereiro de 2001, foi contratada pela Prefeitura Municipal de Piracicaba, na pasta da Secretaria da Educação com habilitação para alunos do 1º ao 5º ano. Leia Mais sobre a autora...

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