Um pouco antes de completar 15 anos, vindo de Cachoeiro do Itapemirim onde já se apresentava em festas nos arredores da cidade e na programação da Rádio Cachoeiro,o garoto Roberto Carlos Braga, percorria todas as rádios existente no Rio de Janeiro para tentar a carreira artística.
Com um repertório eclético de boleros e valsas, o jovem músico já encantava as pessoas com a afinação de sua voz. Nessa época, o rock and roll começava a despontar no cenário musical internacional com os notáveis Jerry Lee Lewis e Elvis Presley.
Foi pelo amigo Arlênio Lívio que o jovem aspirante a cantor foi levado ao ponto de encontro dos jovens da época em Niterói, o Bar do Divino, na Rua Matoso.
Nesse dia, apresentado a mais dois garotos, Tião Maia e Wellinghton Oliveira, nascia o conjunto The Sputnicks,em meados de 1957.
Arlênio Lívio, Wellinghton Oliveira, Roberto Carlos e Tião Maia. O nome The Sputinicks foi escolhido por Tião Maia por achar um nome muito em voga, devido aos lançamentos de foguetes para o espaço sideral.
Entre eles havia uma grande harmonia vocal e a primeira apresentação foi em dezembro de 1957, em um evento promovido pela Igreja São Sebastião dos Capuchinos , na Tijuca.
Um amigo de Wellington Oliveira viu a apresentação e prometeu indicá-los a um rapaz que conheceu na praia e que estava começando um programa de rock na televisão: Carlos Imperial.
Primeiro programa do gênero, o Clube do Rock ia ao ar todas as terças-feiras,às 12:45, na TV Tupi. A nova onda que chegava, tinha a animação de Carlos Imperial com imagens de bailarinos dançando ao ritmo da música Rock Around the Clock.
Em uma dessas terças-feiras, o quarteto esperou o apresentador chegar e pediu uma chance para se apresentar no programa.
Em coro e ao som de Little Darling o quarteto soltou a voz em um ritmo diferente que antes mesmo de terminarem, Carlos Imperial convidou-os a cantar naquele dia mesmo.
Apesar de ser um programa de curta duração, quinze minutos, o público apreciou o ritmo eloquente do quarteto.
Após a apresentação, três integrantes foram lanchar em um bar próximo, menos Roberto Carlos. Sabendo que Carlos Imperial também era de Cachoeiro de Itapemirim, Roberto o esperou para puxar conversa "Imperial, também sou de Cachoeiro e imito Elvis Presley". Surpreso, Imperial pediu que cantasse ali mesmo, nos corredores.
A primeira música escolhida foi Tutti Frutti e depois Jailhouse. Entusiasmado, Carlos Imperial o escalou para cantar na semana seguinte.
Tião Maia ao saber que Roberto cantaria sem o grupo ficou muito bravo. Nos dias que se seguiram da semana, Roberto continuava a ir aos ensaios na casa de Tião, mas este, genioso, mostrava-se agressivo e pouco amigável. Roberto nada dizia, mas na apresentação do final de semana que o quarteto faria, Roberto não compareceu, deixando de fazer parte do conjunto.
Na terça, ao meio dia, lá estava Roberto Carlos com o violão na mão, sacudindo e cantando Jailhouse Rock.
Na ocasião, Tião Maia seguiu o mesmo caminho que Roberto Carlos, oi até Carlos Imperial e imitando o ídolo Little Richard, também teve a escalação para o programa Club do Rock.
Alem de seus programas de TV, Carlos Imperial organizava shows com a participação de seu elenco e saía pelos subúrbios percorrendo bailes, clubes ou locais em que o elenco pudesse se apresentar.
Com o cachê de 500 cruzeiros, o maior recebido até então, Roberto Carlos gastou com roupas para se apresentar, uma vez que já estava ficando conhecido pela meninada que assistia o programa.
Em abril de 1958, Bill Haley viria com sua turnê pelo Brasil e Carlos Imperial foi contratado para organizar o pré-show no Maracanãzinho.
Grande parte de cantores e bailarinos teriam uma chance de se apresentar, entre eles, o Elvis Brasileiro, Roberto Carlos que logo pensou em cantar um número novo do repertório de Elvis Presley, porém não tinha a letra para ensaiar. Ao comentar com o amigo Arlênio Lívio sobre a sua ideia, este logo o tranquilizou dizendo conhecer a pessoa certa para ajudar, Erasmo Esteves.
Assim que Roberto e Erasmo foram apresentados no Bar do Divino, imediatamente Roberto o achou muito parecido com o Elvis, mas o que mais chamou-lhe a atenção, foi a maneira de andar e o corpo extremamente parecido com o do cantor americano.
Erasmo convidou Roberto para irem à sua casa e lá chegando,pegou um violão que havia ganho de sua avó e que nunca havia sequer dedilhado e o entregou a Roberto, que o afinou e fez bordões de Hound dog. Nesse momento nascia a dupla Roberto e Erasmo.
Com a versão de hound dog na ponta da língua, Roberto chega para a sua apresentação na abertura do show de Bill Halley, marcado para às 21 hs.
Ao chegar no local para cantar, o juizado de menores não permitiu sua entrada por ser menor de idade, só pessoas acima de dezoito anos poderiam entrar.
Roberto Carlos explicou que era cantor e que faria a abertura do show, sem sucesso. Com isso Roberto chorou muito, muito mesmo por perder a oportunidade de participar do pré-show e consequentemente em não poder aplaudir a famosa banda internacional.
Próximo dos anos 60, o rock entrou em declínio com o cantor Elvis Presley seguindo para o Exército e com Jerry Lee Lewis ser banido dos palcos por se envolver com a prima de treze anos.
Sem maires perspectivas, o Club do Rock perdeu os patrocinadores e saiu do ar. Carlos Imperial foi para o exterior, deixando todos os meninos do elenco, cantores e bailarinos, desorientados. A solução foi percorrerem circos, clubes e feiras. Sem o programa Club do Rock de Imperial, a fase de Roberto Carlos como Elvis Brasileiro chegou ao fim.
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